Novos Vinhos Icônicos

 

Sempre houve vinhos que foram considerados como icónicos. Ao longo da segunda metade do século XIX  e a maior parte do século XX, estes ícones eram da região de Bordeaux, conforme definido pela classificação de 1855. Somados ao "Fab-Five" foram Chateau d'Yquem, Château Cheval Blanc, Chateau Petrus e Domaine de la Romani Conti.

Havia muitos outros grandes vinhos, mas como a maioria dos conhecedores não tinha ouvido falar deles, eles não eram considerados como ícones. Um bom exemplo disso foi o Mount Pleasant Wines no Hunter Valley, em New South Wales Austrália, onde entre 1932-1955 o brilhante e talentoso Maurice O'Shea produziu alguns dos mais marcantes da Austrália, e a melhor notícia é que estes vinhos estão muito bem preservados e ainda podem ser provados nos dias de hoje.

Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo do vinho começou a enlouquecer, com países ex-colônias emergentes da América e a Austrália que passaram a produzir os seus vinhos. Estes paíse passaram a produzir bons vinhos, mas como eles não foram reconhecidos internacionalmente, não foram considerados icônicos. Ao mesmo tempo, os outros países,  como Itália e Espanha começaram a produzir alguns vinhos muito bons.

Algumas dessas empresas iniciantes a partir da segunda metade do século XX passaram a produzir vinhos globalmente icônicos. Os dois exemplos mais proeminentes são os australianos Hentschke Hill of Grace (Shiraz), que é feito (em parte) a partir de vinhas que remontam à década de 1840 e Penfolds Grange (Shiraz), sendo uma mistura multiárea que tem sido feita desde 1951. Também nos Estados Unidos podemos citar Bonny Doon, Turley e Ridge, Opus 1 e Screaming Eagle

Eu acredito que os ícones espanhóis incluem Vega Sicilia Unico Gran Reserva, Bodegas Muga e Marques de Murrieta. Já na Itália, podemos citar Antinori, Biondi Santi, Gaja e Tenuta dell`Ornellaia.

Um exemplo incrível do fenômeno do iconship instantâneo é Chateau Le Pin de Bordeaux. Quando Le Pin foi lançado pela primeira vez no que parecia ser um preço exorbitante na época, foi freneticamente comprado por empresários japoneses. Ele passou a justificar o seu status de ícone ao longo dos anos.

Dominio de Pingus é um exemplo espanhol da meteórica ascensão ao status de ícone. Lançado em 1995 e impulsionado para a ribalta pelo elogio estelar de Robert Parker Jr., o vinho passou a ser considerado um ícone. Outros exemplos são Alvaro Palacios L'Ermita e Descendentes de J. Palacios.

Durante a década de 2000, houve uma escassez de novos vinhos emblemáticos em todo o mundo, mas que já começou a ser corrigido. Na Austrália, houve dois lançamentos recentes com grandes chances de tornarem-se vinhos emblemáticos. O primeiro foi o lançamento do Wines Irvine Merlot Royale 2005, cujo criador Jim Irvine tem sido reconhecido como melhor fabricante de Merlot da Austrália e que foi aclamado internacionalmente como "o melhor fabricante de Merlot no Mundo" em 1992 e 1996.

O outro lançamento mais recente foi o de Ingalalla Grand Reserve de Parawa Estate 2007, uma mistura de todas as cinco variedades permitidas em Bordeaux. Este vinho pode realmente ser chamado de um vinho de designer em que a vinha foi plantada especificamente para fazer essa mistura.

Foram produzidas apenas 2.400 garrafas, vendidas no varejo por cerca de US $ 1.000 a garrafa. Avaliado entre 4 ½ a 5 estrela pela MWs (Masters of Wine) e classificado com a mesma qualidade do Chateau Latour em uma degustação às cegas em 2011. Não é um mau começo para o novo garoto dos vinhos.

Só o tempo dirá se estes dois vinhos se tornarão verdadeiros vinhos emblemáticos como os mencionados acima.

Então, a grande questão agora é quem atualmente está planejando e visando um novo ícone? Quem está colocando a alma em seus terroirs para produzir um vinho que o mundo inteiro vai tomar conhecimento e, eventualmente, tornar-se um novo membro da curta lista de vinhos emblemáticos globais?

Eu ficaria muito interessado em descobrir.