Lima Smith adquire participação em casa histórica da Borgonha

 

A empresa Lima Smith, que produz vinho em Portugal em três quintas do Douro (Covela, Boavista e Tecedeiras), acaba de se internacionalizar, adquirindo participação na Maison Champy, a mais antiga casa de comércio de vinhos da região francesa da Borgonha. Embora os pormenores do negócio estejam salvaguardados por uma cláusula de confidencialidade, Tony Smith, um dos sócios da empresa portuguesa, assegura à estilo de vida que se trata de uma posição “significativa” e susceptível de ser reforçada no futuro.


Para a Lima Smith, dos empresários Marcelo Lima (brasileiro) e Tony Smith (britânico), que iniciou a sua actividade em Portugal apenas em 2011, com a aquisição da Quinta de Covela, é um passo importante para o acesso a novos mercados. "A Maison Champy tem uma ligação indirecta com uma cadeia de distribuição internacional de vinhos e isso é muito interessante para nós”, explica Tony Smith. A Champy é controlada por Pierre Beuchet, também o principal acionista da D.I.V.A., presente num vasto número de mercados, incluindo os EUA, França, Espanha, China e Japão.


“O Japão é um bom exemplo das vantagens que poderemos tirar desta parceria”, especifica Tony Smith: “É um mercado para onde gostaríamos de nos expandir, mas isso levaria uns bons cinco, seis anos a acontecer. Os nossos esforços estão concentrados em mercados mais tradicionais. Fala-se muito da China, mas o Japão é um mercado mais maduro, com enorme poder de compra, e a economia japonesa dá claros sinais de retoma.”


Para além do acesso directo a uma rede de distribuição internacional, a empresa Lima Smith assume também uma parcela do volume de negócios de uma afamada casa da Borgonha. Com 28,5 hectares de vinhas próprias e acordos com muitos pequenos produtores, a Maison Champy vendeu em 2013 440 mil garrafas de vinho. No seu portefólio de 52 referências, 10 estão classificadas como Grand Cru, 13 como Premier Cru, 25 são vinhos Village e 4 Regional.


Fundada em 1720, em Beaune, a capital do vinho da Borgonha, a Champy ganhou fama durante o século XIX, quando Louis Pasteur, um amigo da família, utilizou as instalações da empresa para as suas investigações (nos armazéns da empresa, agora classificados como património cultural, ainda estão expostos equipamentos utilizados pelo inventor da pasteurização e criador da primeira vacina contra a raiva). Os armazéns, já agora, foram desenhados por Gustave Eiffel e as caves datam do século XV.


O negócio começou a ganhar forma em São Paulo, Brasil, quando Marcelo Lima e Pierre Beuchet se conheceram em casa de amigos comuns. Uma empatia natural e o reconhecimento do bom trabalho feito em Portugal levaram o francês a lançar o convite para uma participação da Lima Smith na Champy.


“Fiquei impressionado não só com o currículo de negócios do Marcelo, mas também com a sua paixão pelo vinho e com o respeito que demonstra pelo espírito e terroir da Borgonha. Mas talvez o mais marcante tenha sido o facto de um empresário do Novo Mundo estar tão entusiasmado em investir a sua energia numa casa com 300 anos de idade", explica Pierre Beuchet. Por parte de Marcelo Lima, citado em comunicado da empresa, o entusiasmo não é menor: “Nós temos uma paixão pelo melhor no vinho e, depois de termos sido premiados pelo nosso trabalho em Covela, com a prestigiada distinção Viticultura 2013 [prémio atribuído pela Revista de Vinhos], direccionamo-nos para a França e para a Borgonha. Estamos honrados em fazer parte da Maison Champy.”